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Segurança: a mão invisível de um louco interessante guia a esquerda

A esquerda continua a ser guiada por Jean-Jacques Rousseau: todo criminoso tem justificativa social para cometer delitos. Não tem jeito

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Homem desfocado apontado arma -- Metrópoles
1 de 1 Homem desfocado apontado arma -- Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Quem substituirá Flávio Dino no Ministério da Justiça e da Segurança Pública? O PT quer que seja o advogado Marco Aurélio de Carvalho, integrante daquele clube do vinho e do charuto com acesso livre a tribunais superiores — que, obviamente, quer vê-lo nomeado.

Marco Aurélio de Carvalho também é definido como “jurista”. Acho divertido como se dá esse upgrade em advogado no Brasil. Como diz um amigo meu da área jurídica, ex-togado, aqui há dezenas de “juristas”, enquanto um país como a Alemanha deve ter uns dois, por aí.

O PT gosta de notas de apoio. A bancada estadual de São Paulo divulgou a sua, a bancada estadual do Rio Grande do Sul também. Na nota de apoio dos petistas paulistas a  Marco Aurélio de Carvalho, afirma-se que o advogado é conhecido “por sua impecável formação jurídica, compromisso irrestrito com o Estado Democrático de Direito e árdua defesa das pautas sociais e dos direitos humanos”.

No Brasil, os adjetivos são grandiloquentes até em programas de auditório. Todo mundo é  “impecável”, “brilhante”, “maravilhoso”. Nota baixa de jurado de TV é 9,5. Não seria um problema se esse tipo de estímulo não tivesse ido parar nas escolas, onde agora todo mundo passa de ano.

Há outros nomes impecáveis, brilhantes e maravilhosos concorrendo ao cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública. Entre eles, o secretário-executivo do ministério, Ricardo Cappelli, o preferido de Flávio Dino; o advogado-geral da República, Jorge Messias, o Bessias; e o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski, que virou consultor da J&F a peso de ouro. Falam também em Simone Tebet, ministra do Planejamento (sim, temos planejamento, por incrível que pareça), que quer fatiar o ministério em dois. Haveria uma pasta só para a Segurança Pública (para ela, claro).

Pelos relevantes serviços prestados à pátria, Ricardo Lewandowski é o mais impecável, brilhante e maravilhoso de todos os nomes aventados. Ele só não será ministro se não quiser. Imagino que deva pesar na sua decisão a grana que ele irá perder se aceitar o posto. Se tudo der certo para a J&F em uma pendência que tem na Justiça, Ricardo Lewandowski poderá embolsar 7,6 milhões até 2025. 

Seja qual for o nome, com fatiamento ou sem fatiamento, nada vai mudar de verdade para os cidadãos. O seu direito constitucional à segurança, à incolumidade física e patrimonial, continuará a ser desrespeitado.

Segurança pública nunca foi e nunca será prioridade de governos de esquerda. Para a esquerda, todo criminoso tem uma justificativa social para cometer um delito, não importa a gravidade dele. Explica-se: o pensamento central da esquerda é o de que todos os seres humanos nascem bons e são corrompidos pela sociedade. É aquela história do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau — que foi tão corrompido pela sociedade que abandonou os cinco filhos no orfanato. 

No Panthéon, em Paris, os franceses colocaram a tumba de Jean-Jacques Rousseau em frente da de Voltaire. Uma gaiatice interessante, visto que ambos pensavam diametralmente o oposto: Voltaire acreditava que o progresso social engendrava o progresso moral. Os dois travaram o duelo mais comentado do século XVIII.

Jean-Jacques Rousseau é um dos personagens do livro Intellectuals, do inglês Paul Johnson, conservador erudito que se deleitava em demolir mitos da esquerda. O livro é uma delícia, recomendo aos nossos “juristas”. Pelo amarelecido das páginas, devo ter lido há 25 anos, mais ou menos.

Paul Johnson termina a curta biografia de Jean-Jacques Rousseau com uma frase da mulher que, segundo o próprio filósofo, foi o seu único amor verdadeiro. “Ele (Rousseau) era tão feio que me assustava, e o amor não o fez mais atraente. Mas ele era uma figura patética e o tratei com gentileza. Era um maluco interessante”, definiu Sophie d’Houdetot. O julgamento das mulheres é sempre sumário.

A mão invisível do maluco interessante continuará a guiar a falta de política de segurança pública de Lula e do PT. É filosofia, seu impecável, e impregnada até nos iletrados.  

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